Os números positivos da economia brasileira: fundamentos e responsabilidade fiscal

Mark—2022-12-12,–Os-números-postivos-da-economia-brasileira.knit
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Nos últimos quatro anos, a grande imprensa ignorou a melhoria de vários indicadores econômicos da economia brasileira. Muitos economistas justificaram a “destruição” da economia brasileira, alegando a queda real do salário mínimo e do rendimento médio do trabalho. Para eles, o teto de gastos atingia as políticas sociais e havia a ampliação da “taxa de exploração do trabalho” desde o governo Temer. Em 2020, foi ressuscitada a tese do financiamento monetário do déficit público como solução viável sem riscos inflacionários. Recentemente, a PEC do Estouro trouxe como novidade a Moderna Teoria Monetária (MMT, em inglês) como justificava teórica para a irresponsabilidade fiscal.

Em menos de dois anos, o governo Temer (2016-18) promoveu importantes reformas como a lei do teto de gastos, a lei das Estatais e a reforma trabalhista. O teto de gasto determinou a definição de uma âncora fiscal necessária à eficácia da política monetária e a reforma trabalhista modernizou as negociações coletivas entre capital e trabalho restrita às regras da antiga CLT. No período 2019-22, a política econômica, comandada por Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, trouxe a perspectiva da continuidade às reformas econômicas, após vários anos de políticas calcadas na elevação da carga tributária e da taxa de juros. Neste período, foi aprovada a autonomia do Banco Central e a autoridade monetária reduziu da continuamente a taxa Selic, chegando ao percentual histórico de 2% ao ano (até mar/21). Obteve importantes ganhos com a redução dos juros reais incidentes sobre a dívida pública. A seguir, reagiu rapidamente quando houve a aceleração inflacionária em 2021, elevando a taxa Selic até 13,75% e contraindo a expansão da base monetária nos anos subsequentes.

Igualmente, a autoridade fiscal, ao enfrentar um quadro econômico extremamente adverso - pandemia da Covid-19, seca, guerra entre a Rússia e a Ucrânia -, teve que combater o crescimento vertiginoso do déficit público em 2020, bem como a expansão do desemprego e da dívida bruta do Governo Central. Várias ações foram implementadas, tais como linhas de crédito às empresas, apoio ao emprego, compras de vacinas e equipamentos de saúde e transferências voluntárias em socorro aos governos subnacionais. Essas ações foram implementadas para atenuar os efeitos causados pela pandemia da Covid-19. Em 2022, ficou evidenciada a importância do corte de impostos com a aprovação da redução do ICMS sobre combustíveis e energia para 17%, apesar da pressão dos governadores. Também foi criado o Auxílio Brasil, programa de renda mínima bem mais robusto do que o anterior, iniciado em tempo recorde a partir de um valor emergencial concedido durante a pandemia.

Ao final de 2022, projeta-se superávits primários nos níveis de governo, o crescimento do PIB acima de 3% e a redução do patamar de desemprego. Tais indicadores são melhores do que a herança deixada pelos governos de esquerda após o rotundo fracasso do governo Dilma. A presente exposição apresenta um levantamento dos principais indicadores macroeconômicos do País, demonstrando sua evolução e tecendo comentários objetivos sobre os números alcançados. As fontes pesquisadas são os dados oficiais disponibilizados pelo Banco Central, pelo Tesouro Nacional e pelo IBGE. #

#A ECONOMIA REAL

A taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 2,5% e 2,3% nos dois nos períodos do governo FHC, numa média de 2,4%. No governo Lula (2003-2010) a média foi de 4,1%, voltando a cair nos Governos Dilma/Temer para 0,3% (2011-2016). Os desacertos da política econômica encaminharam o Brasil para a maior recessão de sua história (7% em 2015-16), seguidos de anos em baixo crescimento (2017-2019). A partir de 2020, a economia mundial e o Brasil enfrentaram a pandemia da Covid-19, sendo que as cadeias produtivas paralisaram e o desemprego se elevou devido às políticas de fechamento adotadas na maioria dos países. Ao final de 2020, veio a queda expressiva do PIB no Brasil em -3,3%. Entre os anos de 2021 e 2022, houve a recuperação econômica. Quando o IBGE divulgou os dados relativos ao 3T de 2021, muitos analistas deram ênfase ao percentual do índice dessazonalizado que estava baixo em 0,1%. Contudo, economia brasileira alcançou um crescimento de 4,6% em 2021 (revisado para 5,0%). Em 2022, o PIB acumulado no ano já atinge 3,2%.

Taxas de crescimento PIB, acumulado no ano
date Despesa de consumo da administração pública Despesa de consumo das famílias Exportação de bens e serviços Formação bruta de capital fixo Importação de bens e serviços (-) PIB a preços de mercado
2019 Q4 -0.5 2.6 -2.6 4.0 1.3 1.2
2020 Q1 0.1 0.3 -3.1 6.1 6.2 0.4
2020 Q2 -3.9 -5.5 -1.5 -4.8 -4.0 -4.9
2020 Q3 -4.1 -5.4 -1.5 -6.2 -11.6 -4.3
2020 Q4 -3.7 -4.6 -2.3 -1.7 -9.5 -3.3
2021 Q1 -2.9 -1.3 1.0 15.7 6.9 1.7
2021 Q2 2.0 4.1 8.1 23.2 12.9 6.8
2021 Q3 3.1 4.3 6.7 21.7 15.4 6.0
2021 Q4 3.5 3.7 5.9 16.5 12.0 5.0
2022 Q1 3.9 2.5 8.7 -6.4 -10.6 2.4
2022 Q2 2.4 4.1 1.3 -2.5 -5.9 3.1
2022 Q3 1.9 4.3 3.6 0.0 -0.5 3.2

#INFLAÇÃO

Entre 2014 e 2015 a inflação subiu de 6,4% para 10,7%, caindo para 6,3% em 2016 devido à política monetária contracionista, com a taxa Selic atingindo para 14,25% ao ano. Ao longo de 2021, o IPCA volta a se acelerar, atingindo 10,7%, fortemente influenciado pela alta dos preços dos alimentos e dos transportes. Em 2022, a inflação mensal, medida pelo IPCA, apresentou três deflações nos meses de julho (-0,68%), a maior da série histórica iniciada em 1980, agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%) do corrente ano, voltando a subir em em outubro e novembro.

A trajetória da inflação dos principais grupos do IPCA (em 12 meses) está exposta abaixo. Note-se que a desaceleração da inflação, a partir de julho do ano corrente, está ligada à queda dos preços dos combustíveis e à imposição do teto do ICMS para os combustíveis. No entanto, os preços dos alimentos, vestuário e saúde continuam elevados em relação aos demais no mês de novembro.

Meses Transporte Alimentação Habitação Saúde Educação Comunicação
12 2020-12-01 1.03 14.11 5.27 1.50 1.13 3.43
13 2021-01-01 1.12 14.83 3.58 2.15 1.10 3.33
14 2021-02-01 3.67 15.01 4.40 2.04 -0.08 2.97
15 2021-03-01 8.59 13.88 5.11 1.81 -1.19 2.86
16 2021-04-01 11.47 12.32 5.45 3.25 -1.15 3.15
17 2021-05-01 14.94 12.54 7.59 4.13 -1.11 3.12
18 2021-06-01 15.05 12.60 8.73 4.30 -1.11 2.23
19 2021-07-01 15.90 13.27 11.21 3.17 -0.81 1.83
20 2021-08-01 16.63 13.95 11.57 2.61 3.04 1.39
21 2021-09-01 17.93 12.55 14.00 3.68 3.12 1.31
22 2021-10-01 19.60 11.71 14.77 3.79 3.23 1.64
23 2021-11-01 21.98 8.90 15.45 3.33 3.27 1.44
24 2021-12-01 21.04 7.93 13.05 3.69 2.83 1.39
25 2022-01-01 20.42 8.03 14.45 3.74 2.95 2.43
26 2022-02-01 18.27 9.12 14.61 3.58 6.09 2.86
27 2022-03-01 17.37 11.61 15.00 4.51 6.81 2.88
28 2022-04-01 19.71 13.46 13.44 5.11 6.83 2.88
29 2022-05-01 19.93 13.50 9.56 5.37 6.81 3.41
30 2022-06-01 20.13 13.92 8.81 6.14 6.85 3.70
31 2022-07-01 12.99 14.72 4.43 7.36 6.72 3.64
32 2022-08-01 7.61 13.41 3.83 8.81 7.07 2.27
33 2022-09-01 3.60 11.70 1.85 9.00 7.21 0.07
34 2022-10-01 1.54 11.20 1.14 9.84 7.34 -0.94
35 2022-11-01 -0.94 11.83 0.62 10.49 7.34 -1.17

#DESEMPREGO

A figura abaixo demonstra a evolução da taxa de desemprego. A taxa de desocupação vem decaindo continuamente conforme indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE. A taxa de desocupação, que mede o desemprego, segue em queda e atingiu 8,3% no trimestre encerrado em outubro, sendo a menor taxa em 8 anos.

#INDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Com dados fechados para 2021, a produção industrial do IBGE (PIM) mostrou uma expansão de 3,9% no índice acumulado anual, destacando-se as atividades de máquinas e equipamentos (24,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%). Em 2022, o índice de produção industrial vem apresentando uma trajetória descendente iniciada em abril de 2022, em especial na indústria de bens de consumo duráveis.

Produção Física Industrial por grandes categorias econômicas (em %)
Categorias Acum.out/21 Acum.out/22
2 1 Bens de capital 33.7 -0.5
3 2 Bens intermediários 4.6 -0.7
4 3 Bens de consumo 2.2 -1.2
5 31 Bens de consumo duráveis 7.2 -3.7
6 32 Bens de consumo semiduráveis e não duráveis 1.0 -0.6
7 9 Bens não especificados anteriormente -3.3 0.8

Os índices da PIM, por atividades industriais, podem ser observados nos gráficos abaixo.