Nos últimos quatro anos, a grande imprensa ignorou a melhoria de vários indicadores econômicos da economia brasileira. Muitos economistas justificaram a “destruição” da economia brasileira, alegando a queda real do salário mínimo e do rendimento médio do trabalho. Para eles, o teto de gastos atingia as políticas sociais e havia a ampliação da “taxa de exploração do trabalho” desde o governo Temer. Em 2020, foi ressuscitada a tese do financiamento monetário do déficit público como solução viável sem riscos inflacionários. Recentemente, a PEC do Estouro trouxe como novidade a Moderna Teoria Monetária (MMT, em inglês) como justificava teórica para a irresponsabilidade fiscal.
Em menos de dois anos, o governo Temer (2016-18) promoveu importantes reformas como a lei do teto de gastos, a lei das Estatais e a reforma trabalhista. O teto de gasto determinou a definição de uma âncora fiscal necessária à eficácia da política monetária e a reforma trabalhista modernizou as negociações coletivas entre capital e trabalho restrita às regras da antiga CLT. No período 2019-22, a política econômica, comandada por Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, trouxe a perspectiva da continuidade às reformas econômicas, após vários anos de políticas calcadas na elevação da carga tributária e da taxa de juros. Neste período, foi aprovada a autonomia do Banco Central e a autoridade monetária reduziu da continuamente a taxa Selic, chegando ao percentual histórico de 2% ao ano (até mar/21). Obteve importantes ganhos com a redução dos juros reais incidentes sobre a dívida pública. A seguir, reagiu rapidamente quando houve a aceleração inflacionária em 2021, elevando a taxa Selic até 13,75% e contraindo a expansão da base monetária nos anos subsequentes.
Igualmente, a autoridade fiscal, ao enfrentar um quadro econômico extremamente adverso - pandemia da Covid-19, seca, guerra entre a Rússia e a Ucrânia -, teve que combater o crescimento vertiginoso do déficit público em 2020, bem como a expansão do desemprego e da dívida bruta do Governo Central. Várias ações foram implementadas, tais como linhas de crédito às empresas, apoio ao emprego, compras de vacinas e equipamentos de saúde e transferências voluntárias em socorro aos governos subnacionais. Essas ações foram implementadas para atenuar os efeitos causados pela pandemia da Covid-19. Em 2022, ficou evidenciada a importância do corte de impostos com a aprovação da redução do ICMS sobre combustíveis e energia para 17%, apesar da pressão dos governadores. Também foi criado o Auxílio Brasil, programa de renda mínima bem mais robusto do que o anterior, iniciado em tempo recorde a partir de um valor emergencial concedido durante a pandemia.
Ao final de 2022, projeta-se superávits primários nos níveis de governo, o crescimento do PIB acima de 3% e a redução do patamar de desemprego. Tais indicadores são melhores do que a herança deixada pelos governos de esquerda após o rotundo fracasso do governo Dilma. A presente exposição apresenta um levantamento dos principais indicadores macroeconômicos do País, demonstrando sua evolução e tecendo comentários objetivos sobre os números alcançados. As fontes pesquisadas são os dados oficiais disponibilizados pelo Banco Central, pelo Tesouro Nacional e pelo IBGE. ##A ECONOMIA REAL
A taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 2,5% e 2,3% nos dois nos períodos do governo FHC, numa média de 2,4%. No governo Lula (2003-2010) a média foi de 4,1%, voltando a cair nos Governos Dilma/Temer para 0,3% (2011-2016). Os desacertos da política econômica encaminharam o Brasil para a maior recessão de sua história (7% em 2015-16), seguidos de anos em baixo crescimento (2017-2019). A partir de 2020, a economia mundial e o Brasil enfrentaram a pandemia da Covid-19, sendo que as cadeias produtivas paralisaram e o desemprego se elevou devido às políticas de fechamento adotadas na maioria dos países. Ao final de 2020, veio a queda expressiva do PIB no Brasil em -3,3%. Entre os anos de 2021 e 2022, houve a recuperação econômica. Quando o IBGE divulgou os dados relativos ao 3T de 2021, muitos analistas deram ênfase ao percentual do índice dessazonalizado que estava baixo em 0,1%. Contudo, economia brasileira alcançou um crescimento de 4,6% em 2021 (revisado para 5,0%). Em 2022, o PIB acumulado no ano já atinge 3,2%.
date | Despesa de consumo da administração pública | Despesa de consumo das famílias | Exportação de bens e serviços | Formação bruta de capital fixo | Importação de bens e serviços (-) | PIB a preços de mercado |
---|---|---|---|---|---|---|
2019 Q4 | -0.5 | 2.6 | -2.6 | 4.0 | 1.3 | 1.2 |
2020 Q1 | 0.1 | 0.3 | -3.1 | 6.1 | 6.2 | 0.4 |
2020 Q2 | -3.9 | -5.5 | -1.5 | -4.8 | -4.0 | -4.9 |
2020 Q3 | -4.1 | -5.4 | -1.5 | -6.2 | -11.6 | -4.3 |
2020 Q4 | -3.7 | -4.6 | -2.3 | -1.7 | -9.5 | -3.3 |
2021 Q1 | -2.9 | -1.3 | 1.0 | 15.7 | 6.9 | 1.7 |
2021 Q2 | 2.0 | 4.1 | 8.1 | 23.2 | 12.9 | 6.8 |
2021 Q3 | 3.1 | 4.3 | 6.7 | 21.7 | 15.4 | 6.0 |
2021 Q4 | 3.5 | 3.7 | 5.9 | 16.5 | 12.0 | 5.0 |
2022 Q1 | 3.9 | 2.5 | 8.7 | -6.4 | -10.6 | 2.4 |
2022 Q2 | 2.4 | 4.1 | 1.3 | -2.5 | -5.9 | 3.1 |
2022 Q3 | 1.9 | 4.3 | 3.6 | 0.0 | -0.5 | 3.2 |
#INFLAÇÃO
Entre 2014 e 2015 a inflação subiu de 6,4% para 10,7%, caindo para 6,3% em 2016 devido à política monetária contracionista, com a taxa Selic atingindo para 14,25% ao ano. Ao longo de 2021, o IPCA volta a se acelerar, atingindo 10,7%, fortemente influenciado pela alta dos preços dos alimentos e dos transportes. Em 2022, a inflação mensal, medida pelo IPCA, apresentou três deflações nos meses de julho (-0,68%), a maior da série histórica iniciada em 1980, agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%) do corrente ano, voltando a subir em em outubro e novembro.
A trajetória da inflação dos principais grupos do IPCA (em 12 meses) está exposta abaixo. Note-se que a desaceleração da inflação, a partir de julho do ano corrente, está ligada à queda dos preços dos combustíveis e à imposição do teto do ICMS para os combustíveis. No entanto, os preços dos alimentos, vestuário e saúde continuam elevados em relação aos demais no mês de novembro.
Meses | Transporte | Alimentação | Habitação | Saúde | Educação | Comunicação | |
---|---|---|---|---|---|---|---|
12 | 2020-12-01 | 1.03 | 14.11 | 5.27 | 1.50 | 1.13 | 3.43 |
13 | 2021-01-01 | 1.12 | 14.83 | 3.58 | 2.15 | 1.10 | 3.33 |
14 | 2021-02-01 | 3.67 | 15.01 | 4.40 | 2.04 | -0.08 | 2.97 |
15 | 2021-03-01 | 8.59 | 13.88 | 5.11 | 1.81 | -1.19 | 2.86 |
16 | 2021-04-01 | 11.47 | 12.32 | 5.45 | 3.25 | -1.15 | 3.15 |
17 | 2021-05-01 | 14.94 | 12.54 | 7.59 | 4.13 | -1.11 | 3.12 |
18 | 2021-06-01 | 15.05 | 12.60 | 8.73 | 4.30 | -1.11 | 2.23 |
19 | 2021-07-01 | 15.90 | 13.27 | 11.21 | 3.17 | -0.81 | 1.83 |
20 | 2021-08-01 | 16.63 | 13.95 | 11.57 | 2.61 | 3.04 | 1.39 |
21 | 2021-09-01 | 17.93 | 12.55 | 14.00 | 3.68 | 3.12 | 1.31 |
22 | 2021-10-01 | 19.60 | 11.71 | 14.77 | 3.79 | 3.23 | 1.64 |
23 | 2021-11-01 | 21.98 | 8.90 | 15.45 | 3.33 | 3.27 | 1.44 |
24 | 2021-12-01 | 21.04 | 7.93 | 13.05 | 3.69 | 2.83 | 1.39 |
25 | 2022-01-01 | 20.42 | 8.03 | 14.45 | 3.74 | 2.95 | 2.43 |
26 | 2022-02-01 | 18.27 | 9.12 | 14.61 | 3.58 | 6.09 | 2.86 |
27 | 2022-03-01 | 17.37 | 11.61 | 15.00 | 4.51 | 6.81 | 2.88 |
28 | 2022-04-01 | 19.71 | 13.46 | 13.44 | 5.11 | 6.83 | 2.88 |
29 | 2022-05-01 | 19.93 | 13.50 | 9.56 | 5.37 | 6.81 | 3.41 |
30 | 2022-06-01 | 20.13 | 13.92 | 8.81 | 6.14 | 6.85 | 3.70 |
31 | 2022-07-01 | 12.99 | 14.72 | 4.43 | 7.36 | 6.72 | 3.64 |
32 | 2022-08-01 | 7.61 | 13.41 | 3.83 | 8.81 | 7.07 | 2.27 |
33 | 2022-09-01 | 3.60 | 11.70 | 1.85 | 9.00 | 7.21 | 0.07 |
34 | 2022-10-01 | 1.54 | 11.20 | 1.14 | 9.84 | 7.34 | -0.94 |
35 | 2022-11-01 | -0.94 | 11.83 | 0.62 | 10.49 | 7.34 | -1.17 |
#DESEMPREGO
A figura abaixo demonstra a evolução da taxa de desemprego. A taxa de desocupação vem decaindo continuamente conforme indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE. A taxa de desocupação, que mede o desemprego, segue em queda e atingiu 8,3% no trimestre encerrado em outubro, sendo a menor taxa em 8 anos.
#INDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Com dados fechados para 2021, a produção industrial do IBGE (PIM) mostrou uma expansão de 3,9% no índice acumulado anual, destacando-se as atividades de máquinas e equipamentos (24,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%). Em 2022, o índice de produção industrial vem apresentando uma trajetória descendente iniciada em abril de 2022, em especial na indústria de bens de consumo duráveis.
Categorias | Acum.out/21 | Acum.out/22 | |
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2 | 1 Bens de capital | 33.7 | -0.5 |
3 | 2 Bens intermediários | 4.6 | -0.7 |
4 | 3 Bens de consumo | 2.2 | -1.2 |
5 | 31 Bens de consumo duráveis | 7.2 | -3.7 |
6 | 32 Bens de consumo semiduráveis e não duráveis | 1.0 | -0.6 |
7 | 9 Bens não especificados anteriormente | -3.3 | 0.8 |
Os índices da PIM, por atividades industriais, podem ser observados nos gráficos abaixo.