Os números positivos da economia brasileira: fundamentos e responsabilidade fiscal

Mark—2022-12-12,–Os-números-postivos-da-economia-brasileira.knit
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Nos últimos quatro anos, a grande imprensa ignorou a melhoria de vários indicadores econômicos da economia brasileira. Muitos economistas justificaram a “destruição” da economia brasileira, alegando a queda real do salário mínimo e do rendimento médio do trabalho. Para eles, o teto de gastos atingia as políticas sociais e havia a ampliação da “taxa de exploração do trabalho” desde o governo Temer. Em 2020, foi ressuscitada a tese do financiamento monetário do déficit público como solução viável sem riscos inflacionários. Recentemente, a PEC do Estouro trouxe como novidade a Moderna Teoria Monetária (MMT, em inglês) como justificava teórica para a irresponsabilidade fiscal.

Em menos de dois anos, o governo Temer (2016-18) promoveu importantes reformas como a lei do teto de gastos, a lei das Estatais e a reforma trabalhista. O teto de gasto determinou a definição de uma âncora fiscal necessária à eficácia da política monetária e a reforma trabalhista modernizou as negociações coletivas entre capital e trabalho restrita às regras da antiga CLT. No período 2019-22, a política econômica, comandada por Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, trouxe a perspectiva da continuidade às reformas econômicas, após vários anos de políticas calcadas na elevação da carga tributária e da taxa de juros. Neste período, foi aprovada a autonomia do Banco Central e a autoridade monetária reduziu da continuamente a taxa Selic, chegando ao percentual histórico de 2% ao ano (até mar/21). Obteve importantes ganhos com a redução dos juros reais incidentes sobre a dívida pública. A seguir, reagiu rapidamente quando houve a aceleração inflacionária em 2021, elevando a taxa Selic até 13,75% e contraindo a expansão da base monetária nos anos subsequentes.

Igualmente, a autoridade fiscal, ao enfrentar um quadro econômico extremamente adverso - pandemia da Covid-19, seca, guerra entre a Rússia e a Ucrânia -, teve que combater o crescimento vertiginoso do déficit público em 2020, bem como a expansão do desemprego e da dívida bruta do Governo Central. Várias ações foram implementadas, tais como linhas de crédito às empresas, apoio ao emprego, compras de vacinas e equipamentos de saúde e transferências voluntárias em socorro aos governos subnacionais. Essas ações foram implementadas para atenuar os efeitos causados pela pandemia da Covid-19. Em 2022, ficou evidenciada a importância do corte de impostos com a aprovação da redução do ICMS sobre combustíveis e energia para 17%, apesar da pressão dos governadores. Também foi criado o Auxílio Brasil, programa de renda mínima bem mais robusto do que o anterior, iniciado em tempo recorde a partir de um valor emergencial concedido durante a pandemia.

Ao final de 2022, projeta-se superávits primários nos níveis de governo, o crescimento do PIB acima de 3% e a redução do patamar de desemprego. Tais indicadores são melhores do que a herança deixada pelos governos de esquerda após o rotundo fracasso do governo Dilma. A presente exposição apresenta um levantamento dos principais indicadores macroeconômicos do País, demonstrando sua evolução e tecendo comentários objetivos sobre os números alcançados. As fontes pesquisadas são os dados oficiais disponibilizados pelo Banco Central, pelo Tesouro Nacional e pelo IBGE. #

#A ECONOMIA REAL

A taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 2,5% e 2,3% nos dois nos períodos do governo FHC, numa média de 2,4%. No governo Lula (2003-2010) a média foi de 4,1%, voltando a cair nos Governos Dilma/Temer para 0,3% (2011-2016). Os desacertos da política econômica encaminharam o Brasil para a maior recessão de sua história (7% em 2015-16), seguidos de anos em baixo crescimento (2017-2019). A partir de 2020, a economia mundial e o Brasil enfrentaram a pandemia da Covid-19, sendo que as cadeias produtivas paralisaram e o desemprego se elevou devido às políticas de fechamento adotadas na maioria dos países. Ao final de 2020, veio a queda expressiva do PIB no Brasil em -3,3%. Entre os anos de 2021 e 2022, houve a recuperação econômica. Quando o IBGE divulgou os dados relativos ao 3T de 2021, muitos analistas deram ênfase ao percentual do índice dessazonalizado que estava baixo em 0,1%. Contudo, economia brasileira alcançou um crescimento de 4,6% em 2021 (revisado para 5,0%). Em 2022, o PIB acumulado no ano já atinge 3,2%.

Taxas de crescimento PIB, acumulado no ano
date Despesa de consumo da administração pública Despesa de consumo das famílias Exportação de bens e serviços Formação bruta de capital fixo Importação de bens e serviços (-) PIB a preços de mercado
2019 Q4 -0.5 2.6 -2.6 4.0 1.3 1.2
2020 Q1 0.1 0.3 -3.1 6.1 6.2 0.4
2020 Q2 -3.9 -5.5 -1.5 -4.8 -4.0 -4.9
2020 Q3 -4.1 -5.4 -1.5 -6.2 -11.6 -4.3
2020 Q4 -3.7 -4.6 -2.3 -1.7 -9.5 -3.3
2021 Q1 -2.9 -1.3 1.0 15.7 6.9 1.7
2021 Q2 2.0 4.1 8.1 23.2 12.9 6.8
2021 Q3 3.1 4.3 6.7 21.7 15.4 6.0
2021 Q4 3.5 3.7 5.9 16.5 12.0 5.0
2022 Q1 3.9 2.5 8.7 -6.4 -10.6 2.4
2022 Q2 2.4 4.1 1.3 -2.5 -5.9 3.1
2022 Q3 1.9 4.3 3.6 0.0 -0.5 3.2

#INFLAÇÃO

Entre 2014 e 2015 a inflação subiu de 6,4% para 10,7%, caindo para 6,3% em 2016 devido à política monetária contracionista, com a taxa Selic atingindo para 14,25% ao ano. Ao longo de 2021, o IPCA volta a se acelerar, atingindo 10,7%, fortemente influenciado pela alta dos preços dos alimentos e dos transportes. Em 2022, a inflação mensal, medida pelo IPCA, apresentou três deflações nos meses de julho (-0,68%), a maior da série histórica iniciada em 1980, agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%) do corrente ano, voltando a subir em em outubro e novembro.

A trajetória da inflação dos principais grupos do IPCA (em 12 meses) está exposta abaixo. Note-se que a desaceleração da inflação, a partir de julho do ano corrente, está ligada à queda dos preços dos combustíveis e à imposição do teto do ICMS para os combustíveis. No entanto, os preços dos alimentos, vestuário e saúde continuam elevados em relação aos demais no mês de novembro.

Meses Transporte Alimentação Habitação Saúde Educação Comunicação
12 2020-12-01 1.03 14.11 5.27 1.50 1.13 3.43
13 2021-01-01 1.12 14.83 3.58 2.15 1.10 3.33
14 2021-02-01 3.67 15.01 4.40 2.04 -0.08 2.97
15 2021-03-01 8.59 13.88 5.11 1.81 -1.19 2.86
16 2021-04-01 11.47 12.32 5.45 3.25 -1.15 3.15
17 2021-05-01 14.94 12.54 7.59 4.13 -1.11 3.12
18 2021-06-01 15.05 12.60 8.73 4.30 -1.11 2.23
19 2021-07-01 15.90 13.27 11.21 3.17 -0.81 1.83
20 2021-08-01 16.63 13.95 11.57 2.61 3.04 1.39
21 2021-09-01 17.93 12.55 14.00 3.68 3.12 1.31
22 2021-10-01 19.60 11.71 14.77 3.79 3.23 1.64
23 2021-11-01 21.98 8.90 15.45 3.33 3.27 1.44
24 2021-12-01 21.04 7.93 13.05 3.69 2.83 1.39
25 2022-01-01 20.42 8.03 14.45 3.74 2.95 2.43
26 2022-02-01 18.27 9.12 14.61 3.58 6.09 2.86
27 2022-03-01 17.37 11.61 15.00 4.51 6.81 2.88
28 2022-04-01 19.71 13.46 13.44 5.11 6.83 2.88
29 2022-05-01 19.93 13.50 9.56 5.37 6.81 3.41
30 2022-06-01 20.13 13.92 8.81 6.14 6.85 3.70
31 2022-07-01 12.99 14.72 4.43 7.36 6.72 3.64
32 2022-08-01 7.61 13.41 3.83 8.81 7.07 2.27
33 2022-09-01 3.60 11.70 1.85 9.00 7.21 0.07
34 2022-10-01 1.54 11.20 1.14 9.84 7.34 -0.94
35 2022-11-01 -0.94 11.83 0.62 10.49 7.34 -1.17

#DESEMPREGO

A figura abaixo demonstra a evolução da taxa de desemprego. A taxa de desocupação vem decaindo continuamente conforme indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE. A taxa de desocupação, que mede o desemprego, segue em queda e atingiu 8,3% no trimestre encerrado em outubro, sendo a menor taxa em 8 anos.

#INDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Com dados fechados para 2021, a produção industrial do IBGE (PIM) mostrou uma expansão de 3,9% no índice acumulado anual, destacando-se as atividades de máquinas e equipamentos (24,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%). Em 2022, o índice de produção industrial vem apresentando uma trajetória descendente iniciada em abril de 2022, em especial na indústria de bens de consumo duráveis.

Produção Física Industrial por grandes categorias econômicas (em %)
Categorias Acum.out/21 Acum.out/22
2 1 Bens de capital 33.7 -0.5
3 2 Bens intermediários 4.6 -0.7
4 3 Bens de consumo 2.2 -1.2
5 31 Bens de consumo duráveis 7.2 -3.7
6 32 Bens de consumo semiduráveis e não duráveis 1.0 -0.6
7 9 Bens não especificados anteriormente -3.3 0.8

Os índices da PIM, por atividades industriais, podem ser observados nos gráficos abaixo.

#INDICES DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASIL E SERVIÇOS

O índice de volume do comércio varejista divulgado pelo IBGE apresenta recuperação nós últimos três meses em vários estados selecionados, sendo que o crescimento das atividades econômicas vem sendo puxado pelo setor de serviço.

#RESULTADO PRIMÁRIO CONSOLIDADO (abaixo da linha, em % do PIB)

Houve sucessivos superávits primários entre os anos de 2002 e 2013, passando a ser deficitário ao final de 2014 (0,6% do PIB). Em 2015, ele subiu para 1,9% do PIB, chegando até 2,5% 2016. Ao final do governo Temer, o déficit foi reduzido para 1,6% do PIB em 2018. Em virtude a pandemia da Covid-19, ocorreu a histórica elevação para 9,4% em 2020. No ano seguinte, registrou-se um resultado positivo de 0,75% do PIB. Mesmo com a guerra entre a Rússia e Ucrânia, que impactou a economia mundial, estima-se a realização de superávit em 2022 (1,82% do PIB em outubro em 12 meses).

#PRIMÁRIO, JUROS NOMINAIS E RESULTADO NOMINAL (abaixo da linha, em % do PIB)

Em 2020, o déficit nominal atingiu a 13,60% do PIB decorrente da forte elevação do déficit primário para 9,41% do PIB. Os juros nominais custaram 4,18% do PIB, sendo 3,58% relativo ao Governo Central. Os juros nominais tiveram uma trajetória de profunda redução entre 2018 e março de 2021. A menor despesa com juros incidentes sobre a dívida pública foi o fato positivo dos resultados fiscais divulgados em 2020.

Em 2021, ocorreu o inédito superávit primário do setor público consolidado, algo que não acontecia desde 2013, atingindo o montante de 64,7 bilhões ou 0,75% do PIB. Em valores nominais, o Governo Central reduziu sua situação deficitária de R$ 745,2 bilhões em 2020 para 35,8 bilhões em 2021. Fundamental para essa significativa melhoria do resultado primário, medido pelo PIB, foi a elevação das receitas primárias devido à inflação e à redução de gastos decorrentes da pandemia da Covid-19. Em 2022, o superávit primário consolidado já alcançou 1,82% do PIB nos 12 meses acumulados até outubro.

#RESULTADO PRIMÁRIO POR NÍVEL DE GOVERNO (R$ bilhões)

Coube ao Governo Central arcar com a maioria dos gastos decorrentes da Covid-19 no biênio 2020-21. O Governo Central elevou seu endividamento bruto com a emissão de títulos federais, financiando as políticas sociais e atenuando os efeitos da pandemia. Paralelo à enorme elevação dos déficits da União em 2020, os governos subnacionais apresentaram resultados positivos, aumentando as receitas fiscais pela incidência da inflação na atividade econômica, somada à injeção financeira distribuída pela União em nome do combate à pandemia.

Analisando-se a série histórica da NFSP do Bacen, por nível de governo, evidencia-se a melhoria da situação fiscal dos governos subnacionais. Tais governos, além de apresentarem superávits primários desde 2020, também registraram resultados nominais positivos em 2021 e 2022. Até outubro/22, o superávit primário alcançou 50,5 bilhões (0,53% do PIB) para estados e 35,7 bilhões (0,39% do PIB) para os municípios. Em valores acumulados entre 2020 e 2022, tal superávit atinge R$ 222,6 bilhões. Em resumo, os fatores determinantes para a melhoria fiscal desses governos foram os seguintes: (i) o expressivo apoio financeiro concedido pelo Governo Federal durante a pandemia; (ii) o congelamento das despesas com pessoal no biênio 2020-21 e a suspensão de parcelas da dívida refinanciada com a União, fruto da Lei Complementar n.º 173/2020, de 20/05/20; e (iii) a expansão inflacionária entre os meados de 2019 e ao longo de 2021.

#DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO

O crescimento da dívida líquida do setor público é decorrente da acumulação de juros nominais e da taxa Selic elevada, bem como dos déficits primários acumulados pelo Governo Central. As variações dos ativos cambiais ajudam a atenuar o montante de sua expansão. A partir de 2014, sua evolução tem sido ascendente.

#DÍVIDA LÍQUIDA POR NÍVEL DE GOVERNO (em % do PIB)

A situação dos governos subnacionais é oposta ao do Governo Central no que tange ao endividamento líquido.

#DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL (em % do PIB)

A política monetária no Brasil é caracterizada por manter o juro básico da economia — a taxa Selic — em patamar elevado durante décadas, contribuindo para a elevação da dívida bruta devido à incorporação crescente de juros nominais. Desde a implantação do Plano Real, ela oscilou, em termos nominais, de 53,1% ao ano em 1995 até uma taxa histórica de 2% ao ano no período agosto/20 a março/21, voltando a se elevar até a taxa vigente de 13,75%. Fazendo-se um balanço dos últimos 16 anos (2006–21), as estatísticas do Banco Central revelam que a dívida bruta saltou de R$ 1,3 trilhão em 2006 (55,5% do PIB) para 6,6 trilhões ao final de 2020 (88,6% do PIB) e para 6,9 trilhões em 2021 (80,3%). Há um importante recuo a partir daí, demonstrando a orientação da política fiscal em conter essa expansão.

Os fatores que condicionaram à sua expansão são: a incorporação de juros nominais (4,9 trilhões); as emissões líquidas de títulos mobiliários (373 bilhões); o reconhecimento de dívidas e/ou privatizações (58 bilhões); e a política cambial de compra de reservas internacionais (262 bilhões). Assim, a incorporação de juros nominais é responsável por 88% da expansão da dívida bruta. Esses juros alcançam uma média de 6% do PIB, com uma estimativa de custo médio na ordem de 10,6% ao ano, expressa em uma Selic média nominal de 9,3% ao ano para o período em questão. Em resumo, observando-se o Gráfico abaixo, percebe-se que a dívida bruta consolidada pulou de 51,5% do PIB em 2013 para 56,3% do PIB em 2014. Ao final de 2016, ainda atingiria 69,8% do PIB, crescendo até chegar em 88,6% em 2020. Entre os anos de 2021 e 2022, a dívida bruta vem apresentando redução (76,8% do PIB em outubro/22). A PEC do Estorno, uma vez aprovada, retomará a trajetória de endividamento e taxa Selic elevada.

#CONTAS EXTERNAS (US$ milhões)

O resultado das transações correntes ficou negativo em 2021, totalizando US$ 46.4 bilhões. A última vez em que o resultado ficou positivo ocorreu no boom global das commodities, quando o Brasil obteve superávits por quatro anos consecutivos entre 2003 e 2006. Note-se que a acumulação de Reservas Internacionais, que ajudaram a elevar a dívida bruta do Governo Central, apresenta uma queda em novembro de 2022 (US$ 331.5 bilhões) comparativamente ao alcançado em dezembro de 2021 (362.2 bilhões).

Balança Comercial Transações Correntes Reservas Internacionais
2002-12-01 12,003.7 -9,407.0 37,823
2003-12-01 23,576.1 2,193.3 49,296
2004-12-01 32,283.7 8,959.3 52,935
2005-12-01 43,721.5 11,679.4 53,799
2006-12-01 45,177.9 10,774.0 85,839
2007-12-01 38,498.2 -2,753.8 180,334
2008-12-01 23,506.8 -35,601.7 193,783
2009-12-01 24,790.2 -29,328.3 238,520
2010-12-01 18,357.9 -86,717.8 288,575
2011-12-01 27,525.1 -83,576.2 352,012
2012-12-01 16,908.5 -92,678.3 373,147
2013-12-01 368.9 -88,384.2 358,808
2014-12-01 -6,739.2 -110,493.5 363,551
2015-12-01 17,444.9 -63,408.8 356,464
2016-12-01 44,543.6 -30,529.3 365,016
2017-12-01 57,325.0 -25,337.5 373,972
2018-12-01 43,372.7 -54,794.1 374,715
2019-12-01 26,546.7 -68,021.5 356,884
2020-12-01 32,369.4 -28,207.6 355,620
2021-12-01 36,363.4 -46,357.9 362,204
2022-10-01 37,131.5 -44,039.3 NA
2022-11-01 NA NA 331,505

#INVESTIMENTO DIRETO NO PAÍS (US$ milhões)

O ingresso líquido em Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 46.44 bilhões em 2021, aumentando 23% em relação a 2020 (37.8 bilhões). Esse resultado ajudou para cobrir o saldo negativo em transações correntes. Até outubro/22, o ingresso é bem signiticativo em relação a 2021, atingindo US$ 73.9 bilhões de dólares.

Part.capital.total Oper.Intercompanhia IDP
2000-12-01 30,016.3 2,978.4 32,994.7
2001-12-01 18,764.9 4,461.0 23,225.9
2002-12-01 17,118.2 -531.5 16,586.7
2003-12-01 9,320.1 802.8 10,122.9
2004-12-01 18,570.3 -408.8 18,161.5
2005-12-01 15,045.0 415.0 15,460.0
2006-12-01 15,372.7 4,045.4 19,418.1
2007-12-01 26,074.3 18,505.0 44,579.3
2008-12-01 30,063.8 20,652.5 50,716.3
2009-12-01 19,906.6 11,574.6 31,481.2
2010-12-01 68,919.7 13,470.4 82,390.1
2011-12-01 85,976.3 16,450.7 102,427.0
2012-12-01 70,027.5 22,540.9 92,568.4
2013-12-01 36,864.9 38,346.3 75,211.2
2014-12-01 48,674.2 39,039.9 87,714.1
2015-12-01 41,887.6 22,850.6 64,738.2
2016-12-01 48,854.2 25,440.6 74,294.8
2017-12-01 63,999.4 4,886.3 68,885.7
2018-12-01 57,322.4 20,840.2 78,162.6
2019-12-01 63,631.3 5,543.1 69,174.4
2020-12-01 33,576.9 4,209.3 37,786.2
2021-12-01 46,885.5 -446.2 46,439.3
2022-10-01 57,002.6 16,950.7 73,953.3

#FLUXO DO CÂMBIO CONTRATADO (US$ milhões)

O fluxo cambial reflete os resultados das áreas financeira (investimentos de estrangeiros, aportes em ações da Bolsa ou demais ativos) e da comercial (exportação menos importações). Enquanto 2020, houve a saída líquida de 27.9 bilhões pelo câmbio contratado, o terceiro ano seguido de perda de recursos, explicado pela forte desvalorização do real ocorrida em 2020. Foi a segunda maior saída de recursos pelo canal financeiro, ante 44.7 bilhões em 2019. O País registrou saída líquida de dólares de 51.1 bilhões pela via financeira, a qual foi compensada pela entrada líquida de 23.2 bilhões do lado comercial (exportações menos importações), incentivada pela maior demanda global por commodities.

Em 2021, incentivado pelo câmbio favorável, o saldo comercial acumulado do ano atingiu 9.8 bilhões, enquanto a saída líquida foi estancada. Disso resulta um fluxo cambial positivo de 6.1 bilhões no período, revertendo o quadro negativo verificado desde 2012. Pela série histórica do Banco Central, iniciada em 1982, desde 2012 o País não registra entrada líquida de investimentos estrangeiros (via financeira). Naquele ano, o Brasil recebeu 8.4 bilhões a mais do que foi retirado do País. O resultado positivo de 2012 antecedeu uma deterioração na conta financeira do País, na esteira dos desequilíbrios das contas públicas, intensificados justamente naquele governo. Em oito anos, de 2013 a 2020, os estrangeiros retiraram US$ 318.9 bilhões líquidos do Brasil. Em 2021, mesmo com a retirada de recursos, o volume foi bem menor no valor de 3.7 bilhões. Em 2022, até agora o saldo é bem superior ao do ano anterior.

Câmbio Contratado (US$ milhões)
Fluxo.comercial Fluxo.Financeiro Cambio.Contratado
1982-12-01 2,211 -9,754 -7,543
1983-12-01 6,638 -12,522 -5,884
1984-12-01 11,113 -12,165 -1,052
1985-12-01 13,192 -12,051 1,141
1986-12-01 10,298 -14,752 -4,454
1987-12-01 13,355 -9,244 4,111
1988-12-01 19,106 -12,943 6,163
1989-12-01 16,742 -14,583 2,159
1990-12-01 13,869 -10,548 3,321
1991-12-01 14,749 -7,815 6,934
1992-12-01 20,738 32 20,770
1993-12-01 15,964 2,508 18,472
1994-12-01 16,728 1,077 17,805
1995-12-01 11,596 4,204 15,800
1996-12-01 8,731 15,096 23,827
1997-12-01 -2,661 17,010 14,349
1998-12-01 3,832 6,469 10,301
1999-12-01 8,736 -14,718 -5,982
2000-12-01 5,629 6,320 11,949
2001-12-01 10,790 -7,639 3,151
2002-12-01 20,328 -24,210 -3,882
2003-12-01 28,355 -25,977 2,378
2004-12-01 36,672 -24,748 11,924
2005-12-01 51,773 -32,463 19,310
2006-12-01 57,598 -20,326 37,272
2007-12-01 76,745 10,710 87,455
2008-12-01 47,901 -48,884 -983
2009-12-01 9,923 18,807 28,730
2010-12-01 -1,649 26,005 24,356
2011-12-01 43,948 21,328 65,276
2012-12-01 8,374 8,380 16,754
2013-12-01 11,138 -23,394 -12,256
2014-12-01 4,136 -13,425 -9,289
2015-12-01 25,485 -16,071 9,414
2016-12-01 47,309 -51,559 -4,250
2017-12-01 52,923 -52,301 622
2018-12-01 47,738 -48,735 -997
2019-12-01 17,476 -62,243 -44,767
2020-12-01 23,250 -51,174 -27,924
2021-12-01 9,800 -3,667 6,133
2022-11-01 34,740 -12,686 22,054

#FATORES CONDICIONANTES DA BASE MONETÁRIA DO BANCO CENTRAL (R$ bilhões)

Diferentemente do que se observou por décadas no Brasil, a política monetária executada, no período 2019-22, teve o grande mérito de reduzir a taxa Selic até 2% ao ano até março de 2021, evidenciando ganhos relevantes com a redução dos juros reais. A taxa Selic começou a se elevar a partir de março de 2021, quando a inflação já dava sinais de elevação. Já havia a pressão do mercado financeiro pela elevação da taxa básica de juros ao final de 2020.

A manutenção da taxa Selic baixa ficou difícil devido à aceleração inflacionária, causada pelo câmbio e pela paralisia econômica que afetou as diversas cadeias produtivas ao longo de 2020. Houve uma enorme pressão para o retorno dos juros reais positivos, indicando que o mercado financeiro depende de uma curva de juros futuros elevada. Para comprovar essa afirmação basta olhar as estatísticas do Banco Central e as reiteradas críticas advindas dos analistas de mercado visando à elevação da “taxa neutra” de juros. Os fatores condicionantes da base monetária referem-se aos fluxos acumulados de políticas fiscais e monetárias que afetam a liquidez na economia num dado período considerado. Em 2018, a base monetária era 302,0 bilhões e saltou para 431,5 bilhões ao final de 2020 devido aos impulsos fiscais e monetários expansionistas, necessários ao combate da pandemia da Covid-19 e a manutenção da renda e da emprego na economia.

A partir de março de 2021, seguiu-se a elevação da taxa de Selic (de 2% até 13,75%) e a contração monetária nos dois anos seguintes, atingindo 398,6 bilhões em outubro de 2022. No período acumulado 2019-22 (até outubro), os fatores de expansão da base monetária foram a conta do Tesouro Nacional com os estímulos fiscais (474,7 bilhões) e as linhas temporárias de liquidez (41,7 bilhões). As operações com títulos federais resultaram em contração, havendo colocações líquidas de R$ 198,9 bilhões no mercado primário (Tesouro) e compras líquidas de 196,9 bilhões no secundário (BACEN), resultando em uma movimentação líquida de -3,0 bilhões em títulos. Ainda no sentido contracionista, destacam-se as operações do mercado externo (-306,2 bilhões), o depósito de instituições financeiras (-4,9 bilhões) e outras contas (-107,2 bilhões).

Portanto, a rápida e forte elevação da taxa Selic e a contração da oferta monetária efetivada pelo Banco Central foram relevantes para a conter a expansão inflacionária verificada em 2021-22. Tal expansão foi decorrente da queda abrupta da economia em 2020 e da consequente desarticulação das cadeias produtivas, além dos impulsos fiscais e monetários realizados pelo Tesouro Nacional e Banco Central que afetaram a base monetária.

Saldo Base Monetária Conta Única Mercado Secundário Mercado Primário Op. Setor Externo Redesconto Linhas de Liquidez Depósitos IF Oper. derivativos Outras Operações
2014-12-01 263.53 -0.67 NA NA 16.27 0.00 NA 56.16 17.33 1.23
2015-12-01 255.29 59.67 -0.54 -123.48 -15.04 0.00 NA -24.74 89.66 6.23
2016-12-01 270.29 12.28 0.37 31.90 32.53 0.00 NA 6.09 -75.56 7.42
2017-12-01 296.76 52.13 84.38 -111.17 1.40 0.00 NA 0.87 -7.03 5.90
2018-12-01 302.05 -44.49 2.39 32.70 -17.35 0.01 NA 13.99 15.13 2.91
2019-12-01 316.59 -89.30 243.05 -15.72 -141.17 -0.01 NA 16.69 7.64 -6.63
2020-12-01 431.54 704.19 -264.57 -365.46 -117.73 0.00 67.24 69.83 40.80 -19.34
2021-12-01 409.18 -81.29 303.98 -121.55 -36.63 0.04 -52.77 -26.06 22.32 92.15
2022-10-01 398.58 -58.94 -88.59 305.84 -10.66 -0.05 27.05 -55.58 -78.89 15.30

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