Um elefante na sala

 

A Zero Hora do dia 30 de agosto, em matéria publicada sob o título o Rio Grande está cada vez mais velho, destaca que as pessoas com mais de 65 anos passarão de 7% para 18,4% do total da população, entre 2000 e 2030. O envelhecimento populacional do RS é muito maior que o do Brasil, que já é um dos mais altos do mundo. Esses percentuais no Brasil nos anos citados atingem o 5,6% e 13,4%, respectivamente. 
 
A causa disso está no aumento da longevidade _ o que é altamente positivo _ e na redução da taxa de fecundidade, em que o número de filhos por mulher no RS deverá decrescer para apenas 1,45 no último ano citado, muito abaixo do nível de equilíbrio populacional, que é 2,1.
 
O mais grave nesse processo, no entanto, é a redução do número que mede a relação das pessoas em idade ativa (15-64 anos)  e  as que estão em idade de aposentadoria (65 ou mais anos), que passará de 9,6 em 2000 para 3,6 em 2030.
 
O grupo de idosos aumentará em 1,4 milhões até 2030, enquanto o bônus previdenciário acabará  em 2020, quando começa a decrescer a população em idade ativa, caindo perto de 300 mil até 2030.
 
O reflexo disso se verificará na economia e na previdência. Os aposentados do setor público estadual representarão apenas uma parcela desse contingente de idosos. Mas o corolário disso _ a redução do número de pessoas em idade ativa _ terá reflexo significativo na produção e consequentemente na arrecadação de impostos com que serão pagos seus benefícios.
 
É muito bem vinda a campanha Rio Grande do Sim, porque o primeiro passo para as conquistas está no querer, mas isso não basta. Para atingirmos os objetivos temos que afastar os obstáculos que impedem de alcançá-los.
 
No Brasil, não se fez nada para alterar a previdência no tocante à idade mínima para aposentadoria. Pelo contrário, fala-se em acabar com o fator previdenciário, o que dificulta a precocidade das aposentadorias. Andamos com os olhos na nuca.
 
Com a população ativa decrescendo, o crescimento econômico dependerá do aumento da produtividade, para o que é preciso melhorar a educação e aumentar os investimentos em infraestrutura. Mas tudo isso encontra a barreira na difícil situação das finanças estaduais. 
 

 

Estamos diante de um problema monumental, mas que damos a ele a muito pouca atenção, como se ele não existisse. É como se tivéssemos um elefante na sala e não o víssemos. 

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