Resposta ao jornalista Juremir

Nos últimos dias o colunista do Correio do Povo, Juremir Machado da Silva, resolveu me atacar, com impropérios, chamando-me de neoliberal e de guru do governador Sartori. Que orgulho teria se isso fosse verdade!
 
Na realidade pouco conheço o governador Sartori, com quem mantive escassos contatos e no passado distante. Se ele está fazendo algumas coisas que constam do meu livro, é por mera coincidência.   e está agindo corretamente, porque lá estão, fora de qualquer modéstia, as soluções para o Estado do Rio Grande do Sul sair da crise.
 
O jornalista em questão, recentemente publicou uma matéria onde anexa a parte do livro “O Rio Grande tem saída?”, p. 301/2012, onde estão as sugestões feitas por mim para o Estado sair da crise, que citarei algumas,  ao mesmo tempo em que pergunto, se elas são proposições neoliberais:
 
1)    Fazer a reforma da previdência, visando corrigir o problema das  aposentadorias precoces, onde 87% dos servidores  se aposentam com cinco ou dez anos a menos, sendo a metade com 50 anos de idade mínima e ¼ sem essa exigência.  Levando em consideração que nos países ricos as pessoas estão se aposentando com 65 ou 67 anos, a maioria países sociais-democratas, eu pergunto onde está o neoliberalismo em defender isso?

2)    Modificar os critérios da pensão por morte, onde uma pessoa jovem com todas as condições para trabalhar pode ficar até 50 anos ou mais, dependendo da situação,  recebendo uma alta remuneração  paga pelo contribuinte.  Isso é neoliberalismo?
 
3)    Alterar o plano de carreira do magistério, um plano da década de 1970, o mais velho do País, anterior à vigência de LDB,  que define carreiras que não existem mais, que só vai pagar um salário melhor par o professor no final de sua carreira, quando ele está deixando a sala de aula. Se eu fosse demagogo e populista,  eu defenderia isso, mas prefiro ser o que sou, responsável com o futuro de meu Estado.
 
4)    Aposentadoria complementar, se o Estado mais rico do país, São Paulo,  e a União, já adotaram. A União,  no atual governo.
 
5)    Alterar o acordo da dívida, visando pagar menos e zerar o saldo devedor, onde está o neoliberalismo?
 
6)    Rever os altos salários iniciais e algumas categorias, como condição para pagar melhor outras que recebem muito pouco, na opinião do próprio jornalista. Isso é neoliberalismo, Sr. Juremir?
 
7)    Extinguir a licença- prêmio, um privilégio vergonhoso do servidor público o qual muitos órgãos de elite pagam em dinheiro, quando não se consegue para uma melhor remuneração para o magistério, por exemplo.  Isso é neoliberalismo, Sr. Juremir?  Só para seu esclarecimento, este instituto não existe mais na União.
 
8)    Alterar as regras das incorporações das funções gratificadas na aposentadoria, passando para a média em vez da última. Isso é uma  regra aprovada pela reforma previdenciária de  2003, do Presidente Lula. Onde está o neoliberalismo, Sr. Juremir?
 
9)    Evitar a concessão de reajustes salariais reais. Se o Estado não está conseguindo dar nem a inflação, como vai dar aumentos reais? Aumentos reais, quer dizer acima da inflação. O Senhor não é obrigado a saber isso, afinal o Senhor não é da área. Diga-me onde está o neoliberalismo nisso?

10)Conter o crescimento das outras despesas correntes. Par quem não sabe, isso é economizar no consumo. Não é isso que fizemos na nossa casa, quando o dinheiro escasseia?
 
11)  Mudança no pacto federativo, visado melhorar a distribuição das receitas? O Senhor é contra isso?. Seria bom deixar claro para seus leitores.
Vou ficar por aí para não me alongar muito.
Sei que é uma luta desigual, porque não sou jornalista e não tenho uma coluna diária num importante jornal da Capital. Mas vou continuar  usando dos escassos recursos de que disponho, um blog pessoal, para continuar rebatendo acusações que beiram a idiotice e nem parecem vir de um jornalista que há tanto tempo detém um espaço tão importante na imprensa gaúcha.
Senhor Juremir, eu quero é acabar com os privilégios e com as regras que conduzem à aposentadoria precoce, para, com isso, sobrar mais recursos para aplicar em saúde, educação e segurança.  Vou lhe dizer uma coisa que o Senhor não sabe, porque não leu o meu livro (citado), na página 245, onde mostra que entre 1971 e 1974 o Estado do RS aplicava 1,9%  do PIB em educação e 1,1% em previdência e agora despende 1% em educação e 2,9% em previdência. Está transferindo para previdência o que deveria aplicar em educação. Estamos com os olhos na nuca, olhando para trás e nos cegando diante do futuro. E o Senhor defende essas coisas e muita gente lhe segue achando que o Senhor é que está certo. Há uma certa hora em que a cegueira é um mal irreparável, assim disse José Ingenieros.
 
O que acontece é o que Senhor não se conforma com minhas previsões de que o seu partido estava conduzindo o Estado para o descalabro financeiro, embora uma grande parte da crise seja estrutural e venha de trás. Se o Senhor ler a página 150 do livro citado, verá que eu já falava em Estado Ingovernável e se ler a 298 verá que eu já previa um déficit anual de R$ 4 bilhões até 2019. E isso que o livro de fevereiro de 2014, quando grande parte  dos reajustes salariais foi concedida em abril/2014, quando o livro já havia sido lançado.
 
O governo passado concedeu reajustes que chegam a três vezes o crescimento provável da receita para muitas categorias, até 2018,. e ainda esgotou os recursos que vinham financiando os déficits, contrariando o art. 21, combinado com o 16 e 17 da lei de responsabilidade fiscal, e  o Senhor ficou quieto, quando eu denunciava sempre que podia na imprensa.
 
É que eu não sou populista, tenho compromisso com o futuro de meu Estado, embora não represente nada na política. A única coisa que Deus me deu foi o entendimento das coisas e a honestidade de propósitos diante delas. E disso não vou me afastar, nem que o Senhor queira com esses ataques traiçoeiros.
 
Se há uma coisa de que tenho orgulho é de pensar assim. Se isso é neoliberalismo  não me interessa. Prefiro ser neoliberalista a ser neobobista, dizendo coisas que nem eu entendo o que é.

 

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