Mal em Matemática

Estamos descambando para o delírio. Os movimentos sociais reivindicam direitos de toda ordem, sem a preocupação de como atender esses direitos.
Querem 10% do PIB para a saúde e também para a educação, além de passe livre nos ônibus. Tudo isso dever vir acompanhado do fim do fator previdenciário e do reajuste de todos os benefícios previdenciários pela variação do salário mínimo, que acompanha a do PIB. Se tudo isso fosse atendido teríamos que elevar a já alta carga tributária de 35% para mais de 50% do PIB.
Com o fim do fator previdenciário, as aposentadorias voltarão a ser com valor integral aos 50 anos ou pouco mais, quando no mundo todo estão em 65 anos ou mais. Será que assim não ficará mais difícil de gerar recursos para a educação e a saúde? Reflitamos sobre isso e mais: hoje há seis pessoas em idade de trabalhar para uma em idade de aposentadoria. Ali em 2030 serão pouco mais de três.
Todo acréscimo de despesa em relação ao PIB, para não aumentar a carga tributária, depende de duas condições impossíveis para o caso brasileiro: redução de despesa ou seu congelamento.
A carga tributária é repartida entre União, Estados e Municípios. Esses últimos passam por enormes dificuldades financeiras, porque têm que atender encargos crescentes, muitos deles de iniciativas federais, de que são exemplo as aplicações em saúde e o piso nacional do magistério, ambos ainda não cumpridos pelos estados.
Fiquemos com a União, que detém quase 60% da arrecadação nacional. Mesmo assim, está indo gradativamente para uma situação fiscal insustentável. Isso pode ser exemplificado como base numa análise do crescimento das despesas indexadas ao salário mínimo (portanto, ao PIB), constante da Revista Conjuntura Econômica do mês de junho.
Nesse estudo vamos ver que entre 2003 e 2012, a inflação foi de 62%,  período em que o abono desemprego cresceu 369%, os benefícios previdenciários (INSS), 195% e os benefícios assistenciais, 556%. Todos esses benefícios crescerão ainda mais se atendidas essas reivindicações.
Temos que melhorar a educação e a saúde, isso é inquestionável. Mas para isso temos que buscar a eficiência na prestação dos serviços, como também mais recursos, mas sem  reivindicar o impossível.
Diante de tudo isso, dá para concluir que estão corretos os indicadores educacionais quando apontam que estamos muito mal em Matemática!


 

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